O “Super Paulo” de Ralph Solera

Dentre os grandes e vencedores times que a AUFM teve, o mais emblemático – por enquanto – foi o São Paulo, que em três ocasiões formou esquadrões imortalizados na História da associação. O primeiro foi a “Máquina Tricolor” que venceu os três primeiros Campeonatos Brasileiros da AUFM. O segundo foi o “Sampa Show” que saiu da 3ª Divisão para faturar dois Brasileiros e outros cinco títulos, em dez torneios jogados, onde alcançou dez finais seguidas, sendo seis do Campeonato Brasileiro (quatro na 1ª Divisão). O terceiro, vamos conhecer agora.

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O botão Kaí

Se Swrain é o “Rei do Futmesa” da AUFM, então sem dúvida Kaí é o “Príncipe” do futebol de botão da AUFM e de Ubatuba.

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O botão Flolph

Flolph Conclera Soação, botão do time do SoleCorp, aposentou-se em Outubro de 2013 com a marca de 68 gols na carreira, o que o deixa como o segundo botão da AUFM que mais gols marcou, atrás apenas de Kaí, mas como o mais goleador dentre os times caiçaras (aqueles criados pelos associados).

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Entrevista com André Rafael

André Rafael, chamado de “Schumacher das Mesas” por ter dominado amplamente o futmesa ubatubense nos anos de 2003, 2004 e 2005, passou a dividir as conquistas locais com Edson Sírio e a “molecada” que subiu da Escolinha (Paulinho Garcia, Pedro Nícolas, Éric Mourão, Dedê Sírio e Dan Garcia) nos últimos anos.

Mesmo assim, seguiu estabelecendo récordes e quebrando escritas nas mesas caiçaras. É o maior vencedor dos Grand Slams (principais torneios de Ubatuba) e o botonista que mais vezes terminou o ano na liderança do ranking local, o que lhe rendeu 6 Palhetas de Ouro (o prêmio máximo do futmesa da AUFM).

E tudo isso não mudou André, ao contrário de muitos botonistas que, com muito menos conquistas, passam a “se achar” os maiorais. Nosso Palheta de Ouro continua humilde como no início e, ganhando ou perdendo (ganhando muito mais que perdendo), respeita seus adversários de forma exemplar, antes, durante e depois das partidas e dos torneios.

Tantas glórias com as palhetas lhe fizeram ser reconhecido como o maior botonista dos 15 primeiros anos da AUFM (André, inclusive, rejeita o “rótulo” de ser o melhor da associação). Diante do recente reconhecimento, André concedeu uma entrevista ao nosso site, que você pode ler na íntegra, abaixo:

 

> Como foi seu início na AUFM
AR: Meu inicio foi muito legal. Naquela época eram outras regras, tinham muitas pessoas que jogavam. Pessoas que iam com o prazer de jogar. Tinha quase sempre 2 divisões. Era a época do impedimento, das expulsões, dos juízes, realmente era tempo de muitas coisas que deixavam os jogos bem divertidos.

> Como vê a AUFM hoje em dia? Acha que melhorou?
AR: A AUFM nos dias de hoje melhorou muito em alguns aspectos. Conseguimos algumas conquistas, tais como alguns equipamentos, inclusão de regras atuais e oficiais, podemos sair, expandir por outras cidades. Hoje somos conhecidos em muitos lugares por nossas conquistas em equipe e torneios individuais. A AUFM conseguiu criar a sua Escolinha, com isso pode agora desfrutar de algumas conquistas. Conquistaram um título Paulista sub-20, Abertos da Federação, além de várias boas posições em torneios inter-municipais. Mas o mais importante é ver que isso deu certo, ver que foi feito o melhor e que acabou dando certo. Podemos realizar alguns torneios com participantes de outras cidades, colocar a esportividade e a amizade em primeiro lugar.

> O que acha das recentes administrações recentes de presidentes da AUFM?
AR: Foram as melhores possíveis. Como disse a pouco, sem eles nada do que conquistamos, tinha sido realizado. Sem o compromisso e esforço de Ralph Solera e a experiência e conhecimento de Edson Sírio, não tínhamos conquistados nada. Sem eles, a AUFM tinha fechado as portas. Eles deram o sangue por essa associação. Estão de parabéns.

> Se você fosse o presidente, que mudanças faria na AUFM?
AR: Acho que nada. Tudo que poderia ser feito, foi feito. Nada poderia e nem pode se melhor.

> Que sites de futmesa você acessa? De qual gosta mais? Porque?
AR: Bom, costumo apenas acessar o site da AUFM. Gosto muito, acho que é muito bem montado. Tem muitas coisas interessantes lá.

> O que acha da Liga LitoVale e da participação da AUFM na mesma?
AR: A Liga foi uma conquista para nós e para as cidades que participam. Foi algo que uniu o futmesa na região, criou-se e fortaleceu amizades. É sempre uma grande diversão e prazer estar ao lado de outras pessoas em torneios pelo Vale. Sobre a nossa participação, sempre achei que poderíamos ter sido um pouco mais felizes em nossas participações, em se tratando de conquistas. Sem desmerecer outras cidades, tais como Jacareí, que sempre vem mostrando a sua superioridade em equipe e São Sebastião, com a sua equipe todos os anos crescendo cada vez mais, teríamos que ter dado um pouco mais de nós mesmos. Temos, na minha opinião, o melhor jogador do Vale, que é o Edson Sírio. Temos também outros bons jogadores, tanto é que na maioria dos torneios individuais, levamos vantagem. Pra mim, precisamos impor um pouco mais de espírito de equipe. Mesmo assim, acho que fomos bem em nossas participações nos torneios. Fica aqui um apelo a nossa equipe, precisamos vencer nesse ano hein galera.

> Quais as conquistas que você mais valoriza no futmesa? Qual seu título mais importante e qual o mais significativo?
AR: Alguns dos que eu mais valorizo e tem grande valor significativo são os 2 títulos da Taça Litoral Norte, por ser um torneio externo e ser alguns dos poucos títulos externos que consegui. Porém, nenhum é mais importante que outro. Todos tem o mesmo peso de importância.

> Que título você sonha em ganhar algum dia? Aliás, existe essa coisa de ter algo que queria conquistar nas mesas, ou o que vale é o prazer de participar dos eventos?
AR: Eu sempre entrei em jogo com a intenção de vencer, mas nunca deixando de colocar em primeiro lugar o prazer e a satisfação pelo esporte. Um título que eu gostaria de vencer um dia, é algum torneio dos Jogos Regionais. Por 3 vezes, cheguei perto, talvez isso tenha feito eu ter essa vontade. Mas sou extremamente satisfeito com esses “quases”. (Nota do Editor: André conquistaria a tão sonhada medalha de Ouro em 2018 e 2019)

> Tem alguma partida, com você fazendo parte dela ou não, que lhe é “inesquecível”?
AR: Tive muitas partidas legais. Algumas perdi, algumas venci. Muitas partidas com Dr. Adauto Júlio, que era uma ótima pessoa acima de tudo, além de ser um ótimo jogador. Ralph Solera também, tivemos ótimos jogos. Mas com Edson Sírio, fizemos muitos jogos, repletos de gols, Daqueles jogos que foram decididos em detalhes. Um deles foi em uma final, onde consegui vencer Edson Sírio por 8×7, essa partida marcou a primeira perda de um título de Edson nas mesas ubatubenses. Mas o que eu sempre me lembro é de um jogo que foi contra Ednelson Prado, em uma final, onde venci por 9×1, isso em uma final!

> Qual foi o seu maior adversário nas mesas locais? E nas mesas “serra acima”, na LitoVale e no resto do Estado?
AR: Aqui em Ubatuba, tive ótimos adversários. Sempre lembrando de Dr. Adauto Júlio, onde tínhamos tantos jogos legais. Ralph Solera também foi um grande adversário a ser batido, mas na maioria das vezes, não conseguia batê-lo. Mas uma pessoa que sempre tentei aprender, foi com Edson Sírio. Na maioria dos jogos perdi, mas nas vezes que consegui vencê-lo, foi uma pessoa que mostrou saber perder, pena que quase sempre me vence. Mesmo perdendo para ele muitas vezes, sempre tento aprender com as derrotas. Já nas mesas longe de Ubatuba, sou coadjuvante. Não tenho um maior adversário, considero todos como grandes adversários a ser batidos.

> Qual o melhor botonista que você já viu jogar nas mesas da AUFM desde que participa dos eventos caiçaras?
AR: Apesar de ver jogar Ralph Solera, Daniel Gusmão, Dr. Adauto Júlio, Silvio Fonseca, Ednelson Prado, os irmãos Edu e Fernando Macedo, além de muitos outros bons jogadores, pra mim o melhor foi Edson Sírio. Sempre mostrou muita esportividade, muita vontade e determinação, mesmo em partidas amistosas.

> Atualmente, o nível técnico da AUFM subiu bastante e, em grande parte, graças a você e ao Sírio. Como vê esse crescimento? Acha que pode subir ainda mais?
AR: Foi um grande crescimento. Foi graças a Edson Sírio que trouxe para a gente uma maneira mais correta de se jogar, ele basicamente nos ensinou a jogar da mesma forma que outras cidades jogavam. Isso fez com que a gente pudesse sair de Ubatuba e jogar alguns torneios da Federação. Com isso fomos crescendo mais ainda. Em seguida, depois que foi criado a LitoVale e a Escolinha, o nosso nível técnico cresceu mais ainda. Sobre o futuro, sempre acho que podemos subir mais. Com certeza, se tivermos mais dedicação, poderemos crescer sempre. Nunca chegaremos ao “fim” ou 100%.

> O que acha de ser o maior botonista dos primeiros 15 anos da AUFM?
AR: Sinceramente, não consigo me achar o maior botonista de nossa cidade. Temos 2 jogadores que, sem dúvida nenhuma, estão a minha frente. Ralph Solera, que fui um dos fundadores da associação, venceu todos os torneios que temos e Edson Sírio, que trouxe a maneira correta de se jogar, além de vencer muitos torneios também.

> Por fim, o que você espera para o futuro da AUFM?
AR: Espero que consigamos sempre manter esse espírito de esportividade. Consigamos trazer de volta alguns amantes do futmesa e novos jogadores para o nosso esporte. De resto, estamos no caminho certo.

Goleiros antigos de caixas de fósforo

A Associação Ubatubense de Futebol de Mesa foi fundada em 1995 para promover torneios de botão na cidade de Ubatuba. Hoje, devidamente atualizada, a entidade joga principalmente sob a regra 12 Toques, mas no início a coisa era bem diferente…

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Entrevista com Edson Sírio

Edson Sírio é uma “lenda viva” do futmesa. Ajudou a desenvolver a modalidade em várias cidades da região, como Taubaté e Jacareí e, mais recentemente, Ubatuba.

Tem aproximadamente 50 títulos na carreira, alguns a nível de LitoVale e Federação Paulista, mas, mesmo assim, mantém a humildade e modéstia que lhe são tão características.

Desde 2005 é associado da AUFM, onde reinou absoluto nas mesas até o início deste ano, quando viu suas “criaturas” superarem (ou, pelo menos, começarem a dar trabalho) o “criador”, já que os juvenis que ele treinava na Escolinha começaram a lhe roubar títulos, além do “retorno” aos bons tempos de André Rafael, seu grande rival em Ubatuba.

Assumindo a presidência da AUFM em 2008, Sírio oficializou um papel que já desempenhava apenas informalmente: a de grande “manager” dos atletas, incentivando-os, treinando-os e preparando-os para os torneios.

O grande “Mestre” das mesas caiçaras concedeu esta entrevista ao site da AUFM agora em Dezembro, já nas “férias” merecidas, após mais um ano de muita luta em prol do futmesa.

Confira:

 

> Quando começou a jogar botão?
ES: Muito novo, com mais ou menos 12 anos de idade, jogando na varanda de casa com meu irmão e meus primos e alguns colegas.

> O que motivou a jogar na AUFM?
ES: Primeiramente fiquei sabendo que havia uma turma que jogava botão em Ubatuba e como eu descia toda sexta-feira para cá, fui conhecer o pessoal e aí tudo começou: eu, desde o começo dando palpite mesmo sem ser perguntado, sobre a regra, e corrigindo o modo de jogar do pessoal…

> Como vê a AUFM hoje em dia? Melhorou? Evoluiu? Está no rumo certo?
ES: Hoje em dia a AUFM está bem melhor do que a uns 3 anos atrás, possuiu 9 mesas em condições boas, uma sede boa para a prática do futmesa… Está evoluindo bem sim, faltando apenas alguns patrocínios para poder deslanchar melhor. Está caminhando no rumo certo, por ter muitas crianças no infanto-juvenil, que logo estarão no meio dos adultos.

> Como presidente da AUFM, o qual acha do ano de 2008 na AUFM?
ES: Como presidente acho que o ano de 2008, sem dúvida, foi o melhor ano do futmesa em Ubatuba, tanto no equipe juvenil (vice estadual), como no adulto (também vice, mas na LitoVale).

> E dos anos anteriores? O que acha das administrações de Ralph Solera e Silvio Fonseca, principalmente?
ES: Acho que, dentro do possível, com o que eles tinham (poucas mesas, sem material como bolinhas, traves e demais acessórios), foram muito boas, principalmente pelo empenho dos dois.

> Quem você gostaria de ver um dia presidindo a AUFM?
ES: Alguém que tenha a experiência do Ralph, a insistência do Sílvio e o gosto pelo futmesa que eu tenho, para não deixar morrer este esporte em Ubatuba!

> E da Liga LitoVale, o que tem a dizer? Gosta de como ela vem conduzindo a modalidade na região?
ES: Sim, precisa de alguns ajustes, mas pelo pouco tempo e a dificuldade que temos enfrentado, também está no caminho certo.

> Que sites de futmesa você acessa? De qual gosta mais? Porque?
ES: Eu procuro entrar em todos sites de futmesa que fico sabendo, para ver se há alguma novidade do Brasil inteiro sobre regras (3 toques, 1 toque e demais, até as pastilhas), mas os dois sites que mais entro são o futeboldemesanews e o da AUFM, que são os mais interados na nossa região.

> Voltando ao esporte, quais as conquistas que você mais valoriza no futmesa? Qual seu título mais importante, qual o mais significativo?
ES: Para mim, o título mais importante (por ter sido o primeiro, logo no primeiro ano que voltei a jogar na Federação) foi o torneio realizado na sede da FPFM, da série prata, fazendo a final com o Celsinho Atienza e ganhando por 6×5 no último chute!

> Qual o título que você deixou escapar e foi mais dolorido?
ES: No Brasileiro em Curitiba, na semi-final, contra o Erismar, também na campanhia.

> Que título você sonha em ganhar algum dia? Aliás, existe essa coisa de ter algo que queria conquistar nas mesas, ou o que vale é o prazer de participar dos eventos?
ES: Primeiramente, o prazer de participar é muito bom, mas ganhar títulos é muito prazeiroso, porque ninguém joga para perder, ou só por participar, pois na mesa é uma “guerra”. O título do meu sonho seria o do Brasileiro, que já me escapou por três vezes, quando “bati na trave”.

> Tem alguma partida, com você fazendo parte dela ou não, que lhe é “inesquecível”?
ES: Tem sim, a final do primeiro campeonato em Taubaté, com a participação do pessoal de São Paulo, no jogo contra o Atienza, em melhor de dois jogos, tendo sido 7×6 (com os setes gols meus das pontas)… o “véio” (como carinhosamente o chamo) quis “morrer” comigo. (risos)

> Qual foi o seu maior adversário nas mesas locais? E nas mesas “serra acima”, na LitoVale e no resto do Estado?
ES: Bom, em Ubatuba, sem dúvida, foi o André Rafael. No começo era eu ou ele, mas agora não, tô tendo que jogar muito para perder de pouco hoje em dia, com essa molecada nova que está aí. Na LitoVale eu diria que tem alguns que se sobressaem, como Edu, Zé, Boy, Tiago e Flávio Redondo, mas tá surgindo muita gente boa, que no ano de 2009 vai dar muito trabalho para segurar eles, que são Flávio e William (de São Sebá), Paulinho, Éric e Pedro (de Ubatuba) e mais gente nova que estão surgindo por aí…

> Qual o melhor botonista que você já viu jogar nas mesas da AUFM desde que participa dos eventos caiçaras?
ES: Até hoje, e considerando só os daqui de Ubatuba, é sem duvida o André Rafael. Mas, assim como eu, ele também já esta tendo que jogar muito para perder de pouco dessa meninada nova que esta aí, e “chegando junto” também um “veterano”, que de vez em quando dá um trabalho… “né Ralph”? (risos)

> Atualmente, o nível técnico da AUFM subiu bastante e, em grande parte, graças a você. Como vê esse crescimento? Acha que pode subir ainda mais?
ES: Claro que pode subir bem mais, só depende dessa turma que esta aí na atividade, em dar continuidade ao futmesa.

> Por fim, o que você espera para o futuro da AUFM?
ES: Uma sede própria, muitos botonistas novos para podermos sempre estar lançando novos talentos, como estes “moleques” (Pedro, Paulinho, Éric, Dan e, quem sabe, o “tal do Dedê” e o seu adversário no infanto/juvenil, o fenômeno Joãozinho). Temos que dar continuidade para não deixarmos essa molecada aí na rua, sem ter o que fazer, ocupando esse tempo deles com o futmesa!

O botonista André Rafael

Um dos maiores fenômenos das mesas de Ubatuba, o maior vencedor das Palhetas de Ouro e um dos 3 maiores botonistas da entidade em todos os tempos é André Rafael Albino Galvão, ou André Rafael como ele prefere ser chamado. Continue lendo

O bizarro “mando de música”

Logo após a fundação da AUFM, os poucos botonistas de Ubatuba que disputavam a antiga Soccer Cup (conhecida depois como Campeonato Brasileiro), disputavam torneios na varanda de Luciano Caliani, em apenas uma mesa tipo “estrelão”, com bolinha tipo “pastilha” e com a Regra Caiçara.

A regra era bastante parecida com a atual 12 toques, mas com algumas particularidades. A mais “bizarra” delas foi a instituição do “mando de música”, no final de 1994.

Como, na época, a regra caiçara possibilitava aos botonistas disputarem partidas “narrando” suas jogadas (o que nunca causou problemas, já que eram todos amigos), o hoje tão valorizado silêncio durante um jogo, não existia nos torneios em questão. Os botonistas narravam suas jogadas, tal qual um locutor de TV, e comemoravam efusivamente seus gols. As partidas tinham juiz e, as vezes, até bandeirinha, que, vejam só, tornavam-se “comentaristas” dos lances de gol.

Como todos os torneios eram disputados na mesa de Luciano Caliani, os demais participantes começaram a sugerir regras que diminuíssem uma suposta vantagem dele por jogar sempre “em casa”. Assim, surgiram as regras que previam a escolha de campo ou bola do mandante de jogo (e não via sorteio), da obrigatoriedade de trocar de time quando as cores confundissem (o “visitante” tinha que trocar), e por aí vai. As tabelas eram sempre feitas em 2 turnos para que todos se enfrentassem “em casa e fora”, inclusive nas finais.

Assim, em 1995, após um leve desentendimento entre dois botonistas sobre qual música deveria tocar no aparelho de som que ficava na varanda e fornecia o “som ambiente” que acompanhava os torneios, foi criado o “mando de música”, que permitia ao mandante da partida escolher o que deveria tocar durante o jogo em que ele era o “dono da casa”.

Enquanto a regra vigorou (cerca de 3 meses), uma autêntica “guerra” foi travada no aparelho de som de Luciano. Os botonistas descobriram quais estilos, bandas e cantores eram “odiados” pelos outros e providenciaram CDs e fitas K7 com um repertório feito sob medida para fazer subir a pulsação dos adversários durante as partidas.

Muitos gêneros musicais foram tocados durante esse período, que culminou com a ópera “Nabucco”, de Giuseppi Verdi, sendo entoada no segundo jogo da finalíssima do 8º Campeonato Brasileiro AUFM, cujo mando de jogo pertencia a Ralph Solera, contra Luciano Caliani.

Depois disso, para reforçar a provocação, o gênero das “obras” tocadas foi caindo, e antes que o mando de música virasse motivo de brigas, a regra foi revogada e ficou proibida a execução de música durantes as partidas de botão da Série Temática na AUFM.

A “Muralha Corintiana” de Luciano Caliani

Hoje vamos falar do sócio fundador da AUFM Luciano Caliani, o primeiro campeão invicto da entidade, conhecido como o maior “defensor” que a AUFM já viu, mas também um jogador técnico e sempre de sangue frio.

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Entrevista com Sílvio Fonseca

Entrevista concedida ao jornal Infortrex em Fevereiro de 2006

Sílvio César Fonseca é um dos 4 fundadores da AUFM (ao lado de Cláudio Oliveira Jr, Luciano Caliani e Ralph Solera), mas joga futebol de mesa desde criança. Tem lutado, ao lado de Ralph, pelo crescimento da modalidade em Ubatuba, desde 1995.

Foi presidente da entidade por 2 anos, mas quando não ocupou a presidência, sempre contribuiu com a Diretoria, de diversas maneiras. Foi eleito o melhor botonista de Ubatuba no ano 2000.

Confira a entrevista:

> Infortrex: Como começou a jogar botão?
SF: Rapaz, foi lá por 1973, quando eu tinha 9 anos. Vi o Tone (amigo) com dois times brincando no chão da área da casa dele e quis brincar, mas ele não deixou. Na época, era difícil de encontrar times em Ubatuba, aí comecei a mexer nos guardados da minha mãe, a qual costurava nas horas vagas, em busca de botões de paletó. Depois fiz as pazes com o Tone e ví que ele tinha muitos times de vidro (tampas de relógios). Para aumentar o meu número de times, fazia plantão na relojoaria para conseguir novos botões. Na época, estampava neles recortes de personagens de revistas em quadrinhos (Disney, Marvel e até os galãs das “fotonovelas” da minha mana Regina). Os primeiros torneios utilizando pequenos botões de roupa como bolinhas e a prática da regra livre, eram realizados ora na casa do Tone, ora na área de minha casa. Anos depois, já com 14 anos, seguia jogando e fazia os meus próprios campeonatos, chegando até a gravar jogos num gravador de marca AIKO! A noite eu escutava as gravações dos jogos, tendo eu como locutor e como comentarista! Na época, minha irmã mais velha, Cida, me apelidou de “Rui Porto” (locutor carioca, famoso na época). Joguei direto até os 15 anos, depois parei para poder me dedicar mais aos estudos.

> Infortrex: O que motivou a fundação da AUFM?
SF: Para mim fez um bem enorme na época ser convidado para jogar com o Cláudio, Luciano e Ralph. Eu sempre gostei de jogar o futmesa. Com o passar do tempo, ví que havia a necessidade de se aumentar o quadro de jogadores. O futebol de mesa era o único esporte que eu podia praticar e, modéstia à parte, praticava bem! Era lazer, era terapia. Queria poder oferecer às crianças de minha cidade e aos adolescentes um esporte saudável, que exigisse do raciocínio e também, de uma forma mais “light”, do condicionamento físico. Foi uma forma de poder colaborar com o esporte em Ubatuba. E é claro que quero ressaltar, que se não tivesse a ajuda do Ralph, a AUFM não teria chegado a este “estágio”! (Nota do Editor: Sílvio foi o maior incentivador da fundação / oficialização da associação).

> Infortrex: Como vê a AUFM hoje em dia? Melhorou? Evoluiu? Está no rumo certo?
SF: Eu vejo uma AUFM mais forte, mais audaciosa, mais profissional… Melhorou e muito! Isto graças a pessoas como o Ralph (principalmente), Alexandre Augusto, André Rafael, Bittencourt Jr e Eduardo Ilário. Se vai continuar no rumo certo? Faço votos que sim. Acredito que enquanto essas pessoas seguirem cuidando do futmesa local, a AUFM só tem a evoluir em Ubatuba.

> Infortrex: Como ex-presidente da AUFM, o qual acha de suas gestões como presidente?
SF: Início de associação não é fácil: gente nova entrando, alguns se afastando… procurando uma sede nova a cada 3 meses para jogar, arrecadando ou tirando do bolso para comprar a premiação dos torneios… Enfim, eu confesso que nunca quis ser “presidente”, sempre preferi ajudar anonimamente no desenvolvimento local, pois para mim, não importam as pessoas e sim as ações serem bem realizadas. Mas eu tive que cuidar da AUFM, para que o meu sonho e o sonho do colega Ralph não morresse. Apesar de todas as dificuldades, eu consegui manter a AUFM em pé. Sem recursos financeiros e físicos, chegamos aos 10 anos de existência! Espero que no futuro apareçam outros “Silvios” e outros “Ralphs” para dar continuidade no desenvolvimento do futmesa local. Enfim considero que foram boas as minhas gestões como presidentes da AUFM.

> Infortrex: Quem você gostaria de ver um dia presidindo a AUFM?
SF: Eu gostaria de ver pessoas como o Sérgio Godoy, o André Rafael ou o Eduardo Ilário. São as pessoas que, no passado e no presente, mais têm se preocupado com o futuro da AUFM, fora eu e o Ralph. Agora, entre eles, eu acredito que o Eduardo se destacaria mais, pois mesmo apesar de ser muito jovem, é uma pessoa que eu conheço a “séculos” e o qual ama o esporte! Além disso ele é, no bom sentido, “abelhudo”, “chato” e “bicão”. Em resumo, ele é uma pessoa persistente, batalhadora e daria um ótimo presidente!

> Infortrex: Famoso por editar seus “jornais”, qual deles você mais gostou de fazer? Porque? Qual foi o seu maior concorrente?
SF: Bom, posso dizer que o meu preferido era “Os Botões do Campo”, por que neles eu mostrei o meu lado humorístico… era divertido datilografá-lo e eu aproveitava para “brincar” tanto com o Cláudio, quanto com o Luciano e o Ralph… e comigo mesmo também! Foi uma época de ouro da AUFM. O meu maior concorrente e o único que quase chegava a qualidade gráfica dos meus informativos, foi o “Botão Caiçara”. Este marcou época! Espero que um dia ele volte a ser editado, nem que seja via internet…

> Infortrex: Recentemente entrando na era digital, você inaugurou um “blog” sobre futmesa. O que achou do resultado?
SF: Gostei e muito, pois eu sempre gostei de escrever, criar… Editei e edito há anos informativos relativos ao futmesa, esporte que amo de paixão. Sempre sonhei em ter um “site”, mas os recursos técnicos e financeiros que possuo no momento só me permitiam criar um “blog”, e assim o fiz em maio de 2005: criei o www.apalheta.zip.net, e de lá pra cá o mesmo recebeu muitas visitas. Nele eu trato do futmesa local, estadual e nacional, e o sucesso foi tanto que me motivou a criar um outro blog, também sobre esportes, mas sobre todos os esportes praticados em Ubatuba, do atletismo ao xadrez, passando é claro pelo futmesa, eu estou falando do: www.ubatesportes.weblogger.com.br. Tenho o maior prazer em editá-los…

> Infortrex: Quais site de futmesa você costuma acessar? Qual você mais gosta e por quê?
SF: Bom eu tenho sempre que posso acessado vários sites, nacionais ou estrangeiros. No meu blog eu até divulgo alguns endereços, mas o que eu mais gosto de visitar, é o portal do futebol de mesa brasileiro, estou falando do Futebol de Mesa News. A este site eu tenho que “tirar o chapéu”, pois é o mais completo do Brasil… é um verdadeiro portal do futmesa. Quero também destacar o site da nossa querida, salve salve, AUFM! Criado e mantido na ativa ha anos pelo Ralph, é também um dos melhores de futmesa e merece ser visitado!

> Infortrex: Qual o título que você deixou escapar e foi mais dolorido?
SF: Era o ano 2000, disputávamos o Brasileirão. Eram 2 divisões com 10 botonistas cada. Na 1ª fase da Série “A”, eu fiquei em 2º lugar com 6 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Cheguei na Semi–Final e enfrentei meu cunhado Valdinei Campos. Pela melhor campanha na 1ª fase, joguei por dois empates e consegui me classificar após o 1×1 e o 3×3. Depois, fui para a final contra o Bittencourt Jr achando que dava para ganhar, mas acabei perdendo a 1ª partida da final pelo placar de 4×3. No 2º jogo, nada deu certo e acabei goleado por 5×1. Chorei, pois foi dolorido… principalmente por ter jogado meu melhor campeonato e principalmente por ter dominado a 1ª partida. Depois veio a dolorida goleada e o título foi embora. (Nota do Editor: Sílvio se esqueceu que seus melhores campeonatos foram os de 1995 e 1996 na qual ele saiu com o título com o Cruzeiro “Carrossel Mineiro” que entrou para a História).

> Infortrex: Que título você sonha em ganhar algum dia?
SF: Devido as dificuldades que eu tenho com a bolinha de feltro e a grande qualidade técnica de adversários como Edson Sírio e André Rafael, eu acredito que dificilmente conquistarei um Campeonato Municipal de Futmesa, meu maior sonho. Mesmo assim, só o fato de ver a AUFM e o futmesa local crescerem cada vez mais, eu já me sinto um campeão, o maior de todos!

> Infortrex: Tem alguma partida, com você fazendo parte dela ou não, que lhe é “inesquecível”?
SF: Sem duvida vai ficar marcada a vitória de virada sobre o Ralph Solera no Municipal do ano passado: eu perdia por 2×0, no 1º tempo, e no 2º tempo eu tive 4 chances de gol… marquei 3 e virei o jogo, vencendo por 3×2 e “fui pra galera”!!! Esse jogo foi “o maior da minha vida”.

> Infortrex: Qual foi o seu maior adversário nas mesas locais?
SF: Historicamente, eu sempre encarei como meu maior adversário um certo sãopaulino chamado Ralph Solera. Porque? Bom, por que na “Era da Pastilha” eu sempre apanhava, e bem, dele! Na “Era da Bolinha de Feltro” eu consegui dar alguns susto nele, principalmente no confronto que considero “o maior da minha vida”. 

> Infortrex: Qual o melhor botonista que você já viu jogar nas mesas da AUFM nestes últimos 10 anos?
SF: O André “Schumacher” Rafael.

> Infortrex: Quais foram sua maior vitória e sua maior derrota nas mesas?
SF: Sem duvida a melhor vitória, foi a tal “maior da minha vida”. A maior derrota, sem duvida foi aquela famosa de 12×1, quando perdi para o Edson Sírio. Faz parte do jogo, ganhar ou perder, golear ou ser goleado…

> Infortrex: Atualmente Edson Sírio elevou a patamar do nível da AUFM. Quem você acha que será o 1º a tirar a invencibilidade dele?
SF: No meu ponto de vista, somente se ele quiser ele perderá este ano a invencibilidade… e aposto minhas fichas em 2 jogadores para isso: André Rafael e Adauto Júlio.

> Infortrex: Por fim o que você espera para o futuro da AUFM?
SF: Eu espero que a seguintes manchetes se tornem realidade um dia:
– “Futebol de Mesa sucesso total nos Jogos Escolares de Ubatuba!”
– “Botonista de Ubatuba fatura medalha de ouro nos Jogos Regionais!”
– “André Rafael da AUFM se destaca no Aberto da Federação Paulista, figurando entre os 6 melhores!”
– “Inaugurada a Sede de Jogos definitiva da AUFM, a mesma se localiza defronte o Tubão, e acomoda 16 mesas!”
– “AUFM se destaca no campeonato paulista de Futmesa!”
– “Ubatuba sedia pela 1ª vez um Aberto da Federação Paulista e um Campeonato Brasileiro de futmesa!”
(Nota do Editor: várias dessas notícias se tornaram realidade ao longo dos anos seguintes!)