O Aloprado Coritiba” de Cláudio Oliveira Jr

Se um time surgiu de maneira adversa para depois brilhar na AUFM, esse time foi o Coritiba de Cláudio Oliveira Júnior, o famoso “do contra” da entidade. Mas o patinho feio viraria cisne depois…

O “Aloprado Coritiba”: de patinho feio a campeão brasileiro

Quando Cláudio assumiu o Coritiba, o Côxa estava na então 3ª Divisão do 12º Campeonato Brasileiro (1997). Naquela temporada, o Coritiba alcançou a grande final da terceirona onde foi impiedosamente goleado pelo “Sampa Show” de Ralph Solera por incontestáveis 8×1 e 5×0, sendo o placar do primeiro jogo o mais dilatado em finais de campeonatos temáticos organizados pela AUFM em todos os tempos.

Ou seja, um início nefasto e histórico.

Além da goleada de 13×1 no agregado da final, outra característica que marcou aquele Coritiba era o seu jeito de jogar: invariavelmente expulsando um botão por jogo, chutando muitas vezes sem o mínimo ângulo (e fazendo o gol!), abusando das faltas e furadas e tocando (aparentemente) displicentemente a bola, mas dando espetáculo e vencendo (com exceção, claro, das duas partidas finais).

Daí começou a fama de “aloprado” do time, que ele carregou por dois anos graças à Imprensa Botonística da época, que não dava sossego para o Côxa e na mesma medida que elogia seus resultados, zoava sua performance.

Mesmo com a duríssima derrota nas finais da terceirona, o “Aloprado Coritiba” foi promovido à 2ª Divisão e no Campeonato Brasileiro seguinte, o 13ª (1998), Cláudio conduziu o Côxa até as fases decisivas e acabou na terceira colocação, atrás do Bahia de Renato Campos (que foi o Campeão) e do São Paulo de Ralph Solera (aquele mesmo Sampa Show das duas goleadas históricas, que também subiu de Divisão).

Mesmo em terceiro, o Coritiba foi novamente promovido, ganhando o direito de desfilar seu estilo peculiar na elite no Brasileirão seguinte. E mesmo novamente chegando ao pódio de um torneio nacional, ele foi muito “espezinhado” pelos jornaizinhos da época, que não davam colher de chá ao estilo amalucado do time paranaense.

Veio então o 14º Campeonato Brasileiro (1998) e o já então famoso e consolidado “Aloprado Coritiba” estava na divisão de elite. As mãos calejadas de Cláudio Oliveira levaram o Côxa à grande final (mais uma), onde enfrentou o mesmo velho rival, o São Paulo (que ele já havia vencido na 1ª Fase).

As lembranças daquelas goleadas motivaram o Coritiba a se vingar e Cláudio conseguiu o que muitos julgavam impossível na época: o Côxa bateu o Sampa Show (1×1 e 2×1 nas finais) e sagrou-se finalmente campeão… e o melhor, se a derrota tinha acontecido nos porões da 3ª Divisão, a vitória veio logo na Série A!

Na campanha do título, o time mais “destrambelhado” da AUFM em todos os tempos ainda teve a melhor defesa do torneio, e o segundo melhor ataque, mas Cláudio se aposentou achando que aquele São Paulo “entregou” a decisão para adiar a então propagada pendurada de palheta do botonista (que ocorreria, de qualquer maneira, um ano depois, para algumas voltas e retornos antes da retirada definitiva). Cláudio inclusive afirmou isso em sua entrevista ao Infortrex em 2002.

A verdade é que naquelas duas finais o Côxa “jogou como nunca e ganhou como nunca“, batendo legitimamente o Tricolor e merecidamente conquistando o campeonato.

No Brasileirão seguinte, o 15º (1999), Cláudio não acertou a mão e viu o Coritiba cair ainda na 1ª Fase, ficando apenas na quinta colocação. Um resultado amargo, aquém das expectativas, e perdendo a 4ª colocação (e a vaga nas Semi-Finais) por um mísero ponto. Para piorar, o “Aloprado Coritiba” viu o arqui-rival São Paulo tomar-lhe o título e lhe “tirar”, em uma contratação polêmica e histórica, o craque Renato Neto, um dos botões que mais marcariam gols na História da AUFM.

No 16º Campeonato Brasileiro (1999), no semestre seguinte, o destino colocou pela terceira vez os dois maiores rivais da época na final. Já com a aposentadoria em mente e consequentemente supermotivado, Cláudio fez o “Aloprado Coritiba” chegar com o que restava de suas forças em mais uma finalíssima, passando nas Semi-Finais pelo Fortaleza no sufoco pleno, e pegando na decisão [mais uma vez] o velho conhecido, o arquirrival, São Paulo “Sampa Show” de Ralph Solera em plena forma, não resistindo e perdendo por 3×1 e 5×1.

Apesar de ter chegado na final, aquele time já não tinha o brilho dos tempos áureos e até o estilo tresloucado havia ficado mais comedido.

Após o vice-campeonato, Cláudio pendurou temporariamente a palheta e passou o Coritiba adiante, voltando a jogar esporadicamente, como no Campeonato Municipal de 2001. E aquele Côxa entrou para a História como o time que jogava de modo mais inconstante e aparentemente displicente que a AUFM já viu.

Gostou? Compartilhe!

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.