O associado mais polêmico e controvertido que já passou pela AUFM foi justamente um de seus fundadores: Cláudio Oliveira Júnior, o “do contra”, o “bigodudo”, o “colombiano”, o “boliviano”… o “polêmico”!
Durante seus anos de participação ativa na AUFM, desde a fundação, eram sempre suas as ideias contra as então resoluções vigentes, eram suas as queixas, os pedidos de mudança e as tentativas de tumultuar a ordem e a paz (por curtição, diga-se), além dos pedidos de alterações dos regulamentos da época.
Quando da fundação da AUFM, Ralph Solera não queria ser presidente da entidade, mas Cláudio o indicou e pediu a todos que apoiassem a propositura, e quando Solera aceitou, Cláudio “mudou de ideia” e pediu para Sílvio Fonseca assumir o cargo, pois “ele era o mais qualificado”.
Quando Luciano propôs passarem a jogar na casa de Sílvio, no Centro de Ubatuba, ao invés da sua própria, em um bairro mais distante, Cláudio disse que lá não seria bom, além de “ser longe”. Meses depois declarava que a AUFM precisava estar localizada no Centro e que por isso a casa de Sílvio era o local ideal para servir de sede da associação.
Quando o Brasileirão AUFM tinha uma Divisão, ele pediu duas. Quando tinha duas, quis a terceira e quando esta foi criada ele reclamou que “haviam muitas divisões” no campeonato. Quando a AUFM realizava apenas o torneio nacional, ele pediu a disputa de estaduais e regionais, e quando estes passaram a ser realizados, reclamou que “o calendário tinha ficado muito inchado”.
Quando Solera brilhava nas mesas com seu botão Rei Swrain do São Paulo “Máquina Tricolor“, Cláudio criou o botão Renato Caiçara para fazê-lo rival. Quando Ralph criou o botão “filho” de Swrain, o Príncipe Swróing, Cláudio criou o “filho” de Renato: Renatinho.
Quando Sílvio criou o jornal Os Botões de Campo, Cláudio criou o A Palheta e convidou Sílvio para editá-lo em sociedade. Sílvio topou, fechou Os Botões e passou a coeditorar o A Palheta com Cláudio. Meses depois, ele fechava o jornal pois preferia “a liberdade editorial de fazer tudo sozinho”, e deixava o “sócio” na mão…
Quando os botões eram pequenos e de plástico, Cláudio pediu botões médios de vidrilhas e quando estes foram comprados, achou que “os pequenos eram mais divertidos e deviam voltar a ser usados”.
Quando apenas os fundadores participavam dos campeonatos, Cláudio bateu o pé e criou caso até que a AUFM abriu seu quadro de associados para novos integrantes. Depois ele passou a declarar todo início de temporada que iria se aposentar do futmesa porquê “haviam muitos participantes e a associação tinha perdido o tom informal e familiar”!
E assim foram os anos passando, nosso bigodudo sempre criando caso e ameaçando parar de jogar até que conquistou o tão sonhado título de campeão brasileiro AUFM em 1999 com o seu histórico “Aloprado Coritiba“, após tantas frustrações, mas mesmo assim fez jus à sua fama e acusou Ralph de ter “entregado o jogo final para impedir que Cláudio se aposentasse“!
Cláudio acabou de fato pendurando a palheta no ano seguinte. Em 2001 aceitou o convite da Diretoria e voltou a jogar para ver como eram as competições “novas”, não temáticas, com bolinha de feltro e regra 12 Toques, mas na metade da temporada se aposentou “de novo” dizendo que a “bolinha de feltro era muito ruim e os torneios estavam muito sérios“.
Cláudio passou anos negando os convites para voltar a jogar e afirmando que só voltaria quando pudesse jogar pastilha novamente. Em 2012, com o projeto “Retomada da Pastilha” (que reviveu o calendário temático), Cláudio aceitou participar do então comemorativo 20º Campeonato Brasileiro AUFM (o primeiro da era pontos corridos), como “nos velhos tempos”. E, exatamente como sempre havia feito, ele abandonou mais uma vez as mesas, logo após o fim do certame, alegando que “as coisas não eram mais como antigamente”. 😀
Apesar do lado “do contra” que ele fazia questão de alimentar por pura farra, Cláudio sempre foi um dos mais queridos associados que passaram pela AUFM. Irreverente, divertido e humano, jogava de forma alegre e despreocupada, tendo o ápice do estilo encarnado no tal Aloprado Coritiba que comandou por alguns anos e levou ao título brasileiro em 1999.
Mas antes dessa conquista, sua maior nas mesas da associação, Cláudio havia vencido antes a primeira edição do Campeonato Carioca AUFM em 1995, com o Vasco da Gama, vencendo os dois turnos. Venceu também a primeira edição da Copa União, com a Portuguesa, em 1996, batendo o Palmeiras de Sílvio Fonseca na final da sua primeira conquista nacional na AUFM.
Ainda em 1996, levou o Bahia ao título da edição 7 da Série B do Brasileiro AUFM, torneio que venceria novamente com o Fluminense (9ª edição) também em 1996. Na Série C, faturou a edição 10 (1996) com o Palmeiras.
Na bolinha, Cláudio não conquistou nenhum título, apesar de algumas boas participações em determinados torneios, em algumas de suas várias “voltas” de aposentadorias intermitentes. Mas a verdade é que ele nunca gostou nem se adaptou à bolinha nem à Regra 12 Toques.
Em 20 de Outubro de 2022, Cláudio veio a falecer de complicações cardíacas. Ainda no seu trabalho, passou mal e resolveu dirigir-se à Santa Casa para exames, negando caronas oferecidas para “não dar trabalho a ninguém”. Mal sabia ele que estava infartando… Acabou vindo a óbito enquanto estava sendo socorrido, deixando esposa e duas filhas, e muitas saudades entre os amigos e associados.
Cláudio deixa para sempre a imagem de companheiro de todas as horas. Uma pessoa amiga, divertida, irreverente, e sempre à disposição de quem precisar. Um grande marido e pai.
Uma grande pessoa!
Obrigado por ter nos brindado com sua companhia e amizade, Cláudio. Dentro e fora das mesas.