O bizarro “mando de música”

Logo após a fundação da AUFM, os poucos botonistas de Ubatuba que disputavam a antiga Soccer Cup (conhecida depois como Campeonato Brasileiro), disputavam torneios na varanda de Luciano Caliani, em apenas uma mesa tipo “estrelão”, com bolinha tipo “pastilha” e com a Regra Caiçara.

A regra era bastante parecida com a atual 12 toques, mas com algumas particularidades. A mais “bizarra” delas foi a instituição do “mando de música”, no final de 1994.

Como, na época, a regra caiçara possibilitava aos botonistas disputarem partidas “narrando” suas jogadas (o que nunca causou problemas, já que eram todos amigos), o hoje tão valorizado silêncio durante um jogo, não existia nos torneios em questão. Os botonistas narravam suas jogadas, tal qual um locutor de TV, e comemoravam efusivamente seus gols. As partidas tinham juiz e, as vezes, até bandeirinha, que, vejam só, tornavam-se “comentaristas” dos lances de gol.

Como todos os torneios eram disputados na mesa de Luciano Caliani, os demais participantes começaram a sugerir regras que diminuíssem uma suposta vantagem dele por jogar sempre “em casa”. Assim, surgiram as regras que previam a escolha de campo ou bola do mandante de jogo (e não via sorteio), da obrigatoriedade de trocar de time quando as cores confundissem (o “visitante” tinha que trocar), e por aí vai. As tabelas eram sempre feitas em 2 turnos para que todos se enfrentassem “em casa e fora”, inclusive nas finais.

Assim, em 1995, após um leve desentendimento entre dois botonistas sobre qual música deveria tocar no aparelho de som que ficava na varanda e fornecia o “som ambiente” que acompanhava os torneios, foi criado o “mando de música”, que permitia ao mandante da partida escolher o que deveria tocar durante o jogo em que ele era o “dono da casa”.

Enquanto a regra vigorou (cerca de 3 meses), uma autêntica “guerra” foi travada no aparelho de som de Luciano. Os botonistas descobriram quais estilos, bandas e cantores eram “odiados” pelos outros e providenciaram CDs e fitas K7 com um repertório feito sob medida para fazer subir a pulsação dos adversários durante as partidas.

Muitos gêneros musicais foram tocados durante esse período, que culminou com a ópera “Nabucco”, de Giuseppi Verdi, sendo entoada no segundo jogo da finalíssima do 8º Campeonato Brasileiro AUFM, cujo mando de jogo pertencia a Ralph Solera, contra Luciano Caliani.

Depois disso, para reforçar a provocação, o gênero das “obras” tocadas foi caindo, e antes que o mando de música virasse motivo de brigas, a regra foi revogada e ficou proibida a execução de música durantes as partidas de botão da Série Temática na AUFM.

A “Muralha Corintiana” de Luciano Caliani

Hoje vamos falar do sócio fundador da AUFM Luciano Caliani, o primeiro campeão invicto da entidade, conhecido como o maior “defensor” que a AUFM já viu, mas também um jogador técnico e sempre de sangue frio.

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Entrevista com Sílvio Fonseca

Entrevista concedida ao jornal Infortrex em Fevereiro de 2006

Sílvio César Fonseca é um dos 4 fundadores da AUFM (ao lado de Cláudio Oliveira Jr, Luciano Caliani e Ralph Solera), mas joga futebol de mesa desde criança. Tem lutado, ao lado de Ralph, pelo crescimento da modalidade em Ubatuba, desde 1995.

Foi presidente da entidade por 2 anos, mas quando não ocupou a presidência, sempre contribuiu com a Diretoria, de diversas maneiras. Foi eleito o melhor botonista de Ubatuba no ano 2000.

Confira a entrevista:

> Infortrex: Como começou a jogar botão?
SF: Rapaz, foi lá por 1973, quando eu tinha 9 anos. Vi o Tone (amigo) com dois times brincando no chão da área da casa dele e quis brincar, mas ele não deixou. Na época, era difícil de encontrar times em Ubatuba, aí comecei a mexer nos guardados da minha mãe, a qual costurava nas horas vagas, em busca de botões de paletó. Depois fiz as pazes com o Tone e ví que ele tinha muitos times de vidro (tampas de relógios). Para aumentar o meu número de times, fazia plantão na relojoaria para conseguir novos botões. Na época, estampava neles recortes de personagens de revistas em quadrinhos (Disney, Marvel e até os galãs das “fotonovelas” da minha mana Regina). Os primeiros torneios utilizando pequenos botões de roupa como bolinhas e a prática da regra livre, eram realizados ora na casa do Tone, ora na área de minha casa. Anos depois, já com 14 anos, seguia jogando e fazia os meus próprios campeonatos, chegando até a gravar jogos num gravador de marca AIKO! A noite eu escutava as gravações dos jogos, tendo eu como locutor e como comentarista! Na época, minha irmã mais velha, Cida, me apelidou de “Rui Porto” (locutor carioca, famoso na época). Joguei direto até os 15 anos, depois parei para poder me dedicar mais aos estudos.

> Infortrex: O que motivou a fundação da AUFM?
SF: Para mim fez um bem enorme na época ser convidado para jogar com o Cláudio, Luciano e Ralph. Eu sempre gostei de jogar o futmesa. Com o passar do tempo, ví que havia a necessidade de se aumentar o quadro de jogadores. O futebol de mesa era o único esporte que eu podia praticar e, modéstia à parte, praticava bem! Era lazer, era terapia. Queria poder oferecer às crianças de minha cidade e aos adolescentes um esporte saudável, que exigisse do raciocínio e também, de uma forma mais “light”, do condicionamento físico. Foi uma forma de poder colaborar com o esporte em Ubatuba. E é claro que quero ressaltar, que se não tivesse a ajuda do Ralph, a AUFM não teria chegado a este “estágio”! (Nota do Editor: Sílvio foi o maior incentivador da fundação / oficialização da associação).

> Infortrex: Como vê a AUFM hoje em dia? Melhorou? Evoluiu? Está no rumo certo?
SF: Eu vejo uma AUFM mais forte, mais audaciosa, mais profissional… Melhorou e muito! Isto graças a pessoas como o Ralph (principalmente), Alexandre Augusto, André Rafael, Bittencourt Jr e Eduardo Ilário. Se vai continuar no rumo certo? Faço votos que sim. Acredito que enquanto essas pessoas seguirem cuidando do futmesa local, a AUFM só tem a evoluir em Ubatuba.

> Infortrex: Como ex-presidente da AUFM, o qual acha de suas gestões como presidente?
SF: Início de associação não é fácil: gente nova entrando, alguns se afastando… procurando uma sede nova a cada 3 meses para jogar, arrecadando ou tirando do bolso para comprar a premiação dos torneios… Enfim, eu confesso que nunca quis ser “presidente”, sempre preferi ajudar anonimamente no desenvolvimento local, pois para mim, não importam as pessoas e sim as ações serem bem realizadas. Mas eu tive que cuidar da AUFM, para que o meu sonho e o sonho do colega Ralph não morresse. Apesar de todas as dificuldades, eu consegui manter a AUFM em pé. Sem recursos financeiros e físicos, chegamos aos 10 anos de existência! Espero que no futuro apareçam outros “Silvios” e outros “Ralphs” para dar continuidade no desenvolvimento do futmesa local. Enfim considero que foram boas as minhas gestões como presidentes da AUFM.

> Infortrex: Quem você gostaria de ver um dia presidindo a AUFM?
SF: Eu gostaria de ver pessoas como o Sérgio Godoy, o André Rafael ou o Eduardo Ilário. São as pessoas que, no passado e no presente, mais têm se preocupado com o futuro da AUFM, fora eu e o Ralph. Agora, entre eles, eu acredito que o Eduardo se destacaria mais, pois mesmo apesar de ser muito jovem, é uma pessoa que eu conheço a “séculos” e o qual ama o esporte! Além disso ele é, no bom sentido, “abelhudo”, “chato” e “bicão”. Em resumo, ele é uma pessoa persistente, batalhadora e daria um ótimo presidente!

> Infortrex: Famoso por editar seus “jornais”, qual deles você mais gostou de fazer? Porque? Qual foi o seu maior concorrente?
SF: Bom, posso dizer que o meu preferido era “Os Botões do Campo”, por que neles eu mostrei o meu lado humorístico… era divertido datilografá-lo e eu aproveitava para “brincar” tanto com o Cláudio, quanto com o Luciano e o Ralph… e comigo mesmo também! Foi uma época de ouro da AUFM. O meu maior concorrente e o único que quase chegava a qualidade gráfica dos meus informativos, foi o “Botão Caiçara”. Este marcou época! Espero que um dia ele volte a ser editado, nem que seja via internet…

> Infortrex: Recentemente entrando na era digital, você inaugurou um “blog” sobre futmesa. O que achou do resultado?
SF: Gostei e muito, pois eu sempre gostei de escrever, criar… Editei e edito há anos informativos relativos ao futmesa, esporte que amo de paixão. Sempre sonhei em ter um “site”, mas os recursos técnicos e financeiros que possuo no momento só me permitiam criar um “blog”, e assim o fiz em maio de 2005: criei o www.apalheta.zip.net, e de lá pra cá o mesmo recebeu muitas visitas. Nele eu trato do futmesa local, estadual e nacional, e o sucesso foi tanto que me motivou a criar um outro blog, também sobre esportes, mas sobre todos os esportes praticados em Ubatuba, do atletismo ao xadrez, passando é claro pelo futmesa, eu estou falando do: www.ubatesportes.weblogger.com.br. Tenho o maior prazer em editá-los…

> Infortrex: Quais site de futmesa você costuma acessar? Qual você mais gosta e por quê?
SF: Bom eu tenho sempre que posso acessado vários sites, nacionais ou estrangeiros. No meu blog eu até divulgo alguns endereços, mas o que eu mais gosto de visitar, é o portal do futebol de mesa brasileiro, estou falando do Futebol de Mesa News. A este site eu tenho que “tirar o chapéu”, pois é o mais completo do Brasil… é um verdadeiro portal do futmesa. Quero também destacar o site da nossa querida, salve salve, AUFM! Criado e mantido na ativa ha anos pelo Ralph, é também um dos melhores de futmesa e merece ser visitado!

> Infortrex: Qual o título que você deixou escapar e foi mais dolorido?
SF: Era o ano 2000, disputávamos o Brasileirão. Eram 2 divisões com 10 botonistas cada. Na 1ª fase da Série “A”, eu fiquei em 2º lugar com 6 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Cheguei na Semi–Final e enfrentei meu cunhado Valdinei Campos. Pela melhor campanha na 1ª fase, joguei por dois empates e consegui me classificar após o 1×1 e o 3×3. Depois, fui para a final contra o Bittencourt Jr achando que dava para ganhar, mas acabei perdendo a 1ª partida da final pelo placar de 4×3. No 2º jogo, nada deu certo e acabei goleado por 5×1. Chorei, pois foi dolorido… principalmente por ter jogado meu melhor campeonato e principalmente por ter dominado a 1ª partida. Depois veio a dolorida goleada e o título foi embora. (Nota do Editor: Sílvio se esqueceu que seus melhores campeonatos foram os de 1995 e 1996 na qual ele saiu com o título com o Cruzeiro “Carrossel Mineiro” que entrou para a História).

> Infortrex: Que título você sonha em ganhar algum dia?
SF: Devido as dificuldades que eu tenho com a bolinha de feltro e a grande qualidade técnica de adversários como Edson Sírio e André Rafael, eu acredito que dificilmente conquistarei um Campeonato Municipal de Futmesa, meu maior sonho. Mesmo assim, só o fato de ver a AUFM e o futmesa local crescerem cada vez mais, eu já me sinto um campeão, o maior de todos!

> Infortrex: Tem alguma partida, com você fazendo parte dela ou não, que lhe é “inesquecível”?
SF: Sem duvida vai ficar marcada a vitória de virada sobre o Ralph Solera no Municipal do ano passado: eu perdia por 2×0, no 1º tempo, e no 2º tempo eu tive 4 chances de gol… marquei 3 e virei o jogo, vencendo por 3×2 e “fui pra galera”!!! Esse jogo foi “o maior da minha vida”.

> Infortrex: Qual foi o seu maior adversário nas mesas locais?
SF: Historicamente, eu sempre encarei como meu maior adversário um certo sãopaulino chamado Ralph Solera. Porque? Bom, por que na “Era da Pastilha” eu sempre apanhava, e bem, dele! Na “Era da Bolinha de Feltro” eu consegui dar alguns susto nele, principalmente no confronto que considero “o maior da minha vida”. 

> Infortrex: Qual o melhor botonista que você já viu jogar nas mesas da AUFM nestes últimos 10 anos?
SF: O André “Schumacher” Rafael.

> Infortrex: Quais foram sua maior vitória e sua maior derrota nas mesas?
SF: Sem duvida a melhor vitória, foi a tal “maior da minha vida”. A maior derrota, sem duvida foi aquela famosa de 12×1, quando perdi para o Edson Sírio. Faz parte do jogo, ganhar ou perder, golear ou ser goleado…

> Infortrex: Atualmente Edson Sírio elevou a patamar do nível da AUFM. Quem você acha que será o 1º a tirar a invencibilidade dele?
SF: No meu ponto de vista, somente se ele quiser ele perderá este ano a invencibilidade… e aposto minhas fichas em 2 jogadores para isso: André Rafael e Adauto Júlio.

> Infortrex: Por fim o que você espera para o futuro da AUFM?
SF: Eu espero que a seguintes manchetes se tornem realidade um dia:
– “Futebol de Mesa sucesso total nos Jogos Escolares de Ubatuba!”
– “Botonista de Ubatuba fatura medalha de ouro nos Jogos Regionais!”
– “André Rafael da AUFM se destaca no Aberto da Federação Paulista, figurando entre os 6 melhores!”
– “Inaugurada a Sede de Jogos definitiva da AUFM, a mesma se localiza defronte o Tubão, e acomoda 16 mesas!”
– “AUFM se destaca no campeonato paulista de Futmesa!”
– “Ubatuba sedia pela 1ª vez um Aberto da Federação Paulista e um Campeonato Brasileiro de futmesa!”
(Nota do Editor: várias dessas notícias se tornaram realidade ao longo dos anos seguintes!)

O “Trem-Bala Atleticano” de Ralph Solera

Após Luciano Caliani deixar a AUFM como bicampeão invicto do Brasileirão com o Corinthians “Muralha Corintiana”, um novo mito entrou para a história da entidade: o Atlético Mineiro de Ralph Solera.

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O “Sampa Show” de Ralph Solera

Quando o São Paulo foi rebaixado por Cláudio Oliveira Jr para a 3ª Divisão do Brasileirão AUFM em 1996, pelo sorteio, ele caiu com Ralph Solera (que já o havia imortalizado como a Máquina Tricolor). Naquele campeonato, porém, apesar do favoritismo, o São Paulo não foi promovido, caindo frente ao Paraná Clube de Sílvio Fonseca nas Semi-Finais.

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O botão Larsen

O mais importante torneio temático da associação é o Campeonato Brasileiro, onde os associados são separados em 1ª, 2ª e 3ª Divisão, jogam com o nome de clubes brasileiros e dão nomes aos botões de seus times. Após a conclusão de um Brasileiro, há rebaixamento e promoção de uma divisão para a outra e a bola é do tipo “pastilha”.

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O botão Farininha

Quando Giovanni Farina associou-se à AUFM, os campeonatos ainda eram com a pastilha e os participantes jogavam a 1ª e 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro com nomes de clubes nacionais. Não havia a categoria bolinha / 12 Toques.

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Entrevista com Bittencourt Jr

Entrevista concedida ao jornal Infortrex em Fevereiro de 2004.

O terceiro mais polêmico associado da AUFM (atrás de Cláudio Oliveira Jr e Ednelson Prado), concedeu esta entrevista ao jornal Infortrex, em 29 de Fevereiro, quando o “Falastrão das Mesas” confirmou que volta a jogar na AUFM, mostrou a velha arrogância ao falar de sí mesmo e até se contradisse ao falar que não teme fracassos mas não volta imediatamente porquê, se for mal, arranhará sua reputação.

Após a entrevista, ele disputou apenas 1 torneio, terminando na terceira colocação, e depois abandonou as mesas novamente, desta vez por ter sido nomeado Secretário de Esportes de Ubatuba.

Em 2011 Júnior voltaria às mesas por conta do retorno da bola pastilha e da disputa do Brasileirão, na qual foi vice-campeão. Em 2023, disputou o Campeonato Italiano, ficando na lanterna do torneio. Nesse meio tempo, jogou também algumas Copas do Mundo, ficando sempre ali entre o pódio e as quartas-de-final, mas sem conseguir um título.

Confira:

 

> Infortrex: Essa edição do Infortrex fala muito de sua volta. Quando ela ocorrerá?
Jr: Bom… (pensando)… ok, pode colocar aí que eu vou voltar sim. Agora é oficial. Mas volto só depois do Metropolitano, assim eu posso treinar pra não fazer muito feio, afinal, não jogo há 3 anos e se for mal em 10 partidas, isso arruinaria minha reputação.

> Infortrex: Porque você parou de jogar botão há 3 anos e porque está voltando agora?
Jr: Eu parei porque ocorreram muitas mudanças que me desmotivaram, como o fato de não poder mais dar nomes aos botões, da bolinha ser de feltro, de não poder gritar “Bingo!” quando fazia um gol. Por isso. Mas fiquei com saudade do jogo e principalmente da galera. Tenho saudade do Sílvio (Fonseca), do Ralph (Solera), do Flávio (Bellard), do Fábio (Pereira), do Cláudio (Oliveira Jr) e do Nei (Campos).

> Infortrex: Quando você ainda jogava, quem era seu maior adversário e porque?
Jr: Era o Ralph (Solera), porque ele era com certeza o segundo melhor de Ubatuba, depois de mim. O Fábio (Pereira da Silva) também era bom… tenho retrospecto negativo contra ele.

> Infortrex: Mas se você era o melhor, porque seu único título importante só veio quando Ralph Solera precisou se afastar das mesas por 1 ano?
Jr: Aquele Brasileirão eu ganharia de qualquer jeito, com ou sem ele jogando. Foi uma coincidência ele ter saído justo naquela época.

> Infortrex: E fora esse título, do que você mais se recorda quando pensa naquela época em que ainda jogava na AUFM?
Jr: Lembro de duas coisas: minha estréia foi numa copa mata-mata onde peguei o Cláudio (Oliveira Jr) na 1a Fase e ele era atual campeão do Brasileirão, mas eu o venci duas vezes e passei adiante. Foi uma estréia inesquecível. Lembro também que fui campeão da 2a Divisão do Brasileiro com o Grêmio, revelando o Kengo e o Forbes Júnior. Naquele torneio, bati o Ednelson (Prado) na semi e ganhei do Flávio (Bellard) na final. Lembro também que o Municipal de 2001 (vencido por Ednelson Prado) era meu, mas bobeei e acabei não levando o caneco.

> Infortrex: E agora, com sua volta, o Bola na Mesa volta a ser publicado? Na época em que tínhamos os jornais Bola na Mesa, Rebatendo a Bola, Jornel, Botão Caiçara e PC News, os considerados piores pelos associados foram o Bola na Mesa e o Rebatendo a Bola. O que acha disso?
Jr: Com certeza o Bola na Mesa vai voltar. Agora, naquela época, o pior era o parcial Rebatendo a Bola, já o Bola na Mesa era o melhor sem dúvida, pois cobria o melhor botonista que existia, eu. E veja bem, ele era feio de propósito, pois o importante era, e vai voltar a ser, o conteúdo e não a aparência. Atualmente, gosto do Infortrex e da Palheta, mas o mercado está carente de novas publicações. Enquanto estive afastado acompanhei por esses jornais o que estava acontecendo na AUFM.

> Infortrex: Então você pode dar uma opinião sobre essa polêmica entre o presidente Ralph Solera e os ex-presidentes Ednelson Prado e Sílvio Fonseca? Quem foi o melhor?
Jr: Apesar de eu não ter pretensões políticas na AUFM, sempre acompanhei de perto as Diretorias. O pior presidente que a AUFM teve foi o Ednelson (Prado), se é que se pode chamá-lo de presidente, pois acho que ele no cargo fez apenas figuração. Já o Ralph (Solera) tem senso administrativo mas deveria se dedicar mais, pois… (pausa)… se em três meses de mandato ele já realizou tanto, porquê nos outros anos não fez nada? O Sílvio (Fonseca) é o melhor justamente por ser o mais dedicado de todos eles.

> Infortrex: Para terminar, que previsões você faz sobre sua volta? Teme não ir bem como tem alardeado e ter que admitir um fracasso?
Jr: Eu vou ser o único a fazer frente ao André (Rafael, então líder do ranking). Posso até ser surpreendido num torneio mata-mata, mas nos pontos corridos não tem pra ninguém, vai ficar entre eu e ele. Me recuso a especular sobre um possível fracasso porque descarto essa hipótese. Eu, não ir bem…? (risos)… Não… não tem como. Voltei pra vencer. A alegria está de vola ao futmesa ubatubense.

O Aloprado Coritiba” de Cláudio Oliveira Jr

Se um time surgiu de maneira adversa para depois brilhar na AUFM, esse time foi o Coritiba de Cláudio Oliveira Júnior, o famoso “do contra” da entidade. Mas o patinho feio viraria cisne depois…

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O botonista Cláudio Oliveira Jr

O associado mais polêmico e controvertido que já passou pela AUFM foi justamente um de seus fundadores: Cláudio Oliveira Júnior, o “do contra”, o “bigodudo”, o “colombiano”, o “boliviano”… o “polêmico”!


Cláudio Oliveira Júnior: irreverente e querido

Durante seus anos de participação ativa na AUFM, desde a fundação, eram sempre suas as ideias contra as então resoluções vigentes, eram suas as queixas, os pedidos de mudança e as tentativas de tumultuar a ordem e a paz (por curtição, diga-se), além dos pedidos de alterações dos regulamentos da época.

Quando da fundação da AUFM, Ralph Solera não queria ser presidente da entidade, mas Cláudio o indicou e pediu a todos que apoiassem a propositura, e quando Solera aceitou, Cláudio “mudou de ideia” e pediu para Sílvio Fonseca assumir o cargo, pois “ele era o mais qualificado”.

Quando Luciano propôs passarem a jogar na casa de Sílvio, no Centro de Ubatuba, ao invés da sua própria, em um bairro mais distante, Cláudio disse que lá não seria bom, além de “ser longe”. Meses depois declarava que a AUFM precisava estar localizada no Centro e que por isso a casa de Sílvio era o local ideal para servir de sede da associação.

Quando o Brasileirão AUFM tinha uma Divisão, ele pediu duas. Quando tinha duas, quis a terceira e quando esta foi criada ele reclamou que “haviam muitas divisões” no campeonato. Quando a AUFM realizava apenas o torneio nacional, ele pediu a disputa de estaduais e regionais, e quando estes passaram a ser realizados, reclamou que “o calendário tinha ficado muito inchado”.

Quando Solera brilhava nas mesas com seu botão Rei Swrain do São Paulo “Máquina Tricolor“, Cláudio criou o botão Renato Caiçara para fazê-lo rival. Quando Ralph criou o botão “filho” de Swrain, o Príncipe Swróing, Cláudio criou o “filho” de Renato: Renatinho.

Quando Sílvio criou o jornal Os Botões de Campo, Cláudio criou o A Palheta e convidou Sílvio para editá-lo em sociedade. Sílvio topou, fechou Os Botões e passou a coeditorar o A Palheta com Cláudio. Meses depois, ele fechava o jornal pois preferia “a liberdade editorial de fazer tudo sozinho”, e deixava o “sócio” na mão…

Quando os botões eram pequenos e de plástico, Cláudio pediu botões médios de vidrilhas e quando estes foram comprados, achou que “os pequenos eram mais divertidos e deviam voltar a ser usados”.

Quando apenas os fundadores participavam dos campeonatos, Cláudio bateu o pé e criou caso até que a AUFM abriu seu quadro de associados para novos integrantes. Depois ele passou a declarar todo início de temporada que iria se aposentar do futmesa porquê “haviam muitos participantes e a associação tinha perdido o tom informal e familiar”!

E assim foram os anos passando, nosso bigodudo sempre criando caso e ameaçando parar de jogar até que conquistou o tão sonhado título de campeão brasileiro AUFM em 1999 com o seu histórico “Aloprado Coritiba“, após tantas frustrações, mas mesmo assim fez jus à sua fama e acusou Ralph de ter “entregado o jogo final para impedir que Cláudio se aposentasse“!

Cláudio acabou de fato pendurando a palheta no ano seguinte. Em 2001 aceitou o convite da Diretoria e voltou a jogar para ver como eram as competições “novas”, não temáticas, com bolinha de feltro e regra 12 Toques, mas na metade da temporada se aposentou “de novo” dizendo que a “bolinha de feltro era muito ruim e os torneios estavam muito sérios“.

Cláudio passou anos negando os convites para voltar a jogar e afirmando que só voltaria quando pudesse jogar pastilha novamente. Em 2012, com o projeto “Retomada da Pastilha” (que reviveu o calendário temático), Cláudio aceitou participar do então comemorativo 20º Campeonato Brasileiro AUFM (o primeiro da era pontos corridos), como “nos velhos tempos”. E, exatamente como sempre havia feito, ele abandonou mais uma vez as mesas, logo após o fim do certame, alegando que “as coisas não eram mais como antigamente”. 😀

Apesar do lado “do contra” que ele fazia questão de alimentar por pura farra, Cláudio sempre foi um dos mais queridos associados que passaram pela AUFM. Irreverente, divertido e humano, jogava de forma alegre e despreocupada, tendo o ápice do estilo encarnado no tal Aloprado Coritiba que comandou por alguns anos e levou ao título brasileiro em 1999.

Mas antes dessa conquista, sua maior nas mesas da associação, Cláudio havia vencido antes a primeira edição do Campeonato Carioca AUFM em 1995, com o Vasco da Gama, vencendo os dois turnos. Venceu também a primeira edição da Copa União, com a Portuguesa, em 1996, batendo o Palmeiras de Sílvio Fonseca na final da sua primeira conquista nacional na AUFM.

Ainda em 1996, levou o Bahia ao título da edição 7 da Série B do Brasileiro AUFM, torneio que venceria novamente com o Fluminense (9ª edição) também em 1996. Na Série C, faturou a edição 10 (1996) com o Palmeiras.

Na bolinha, Cláudio não conquistou nenhum título, apesar de algumas boas participações em determinados torneios, em algumas de suas várias “voltas” de aposentadorias intermitentes. Mas a verdade é que ele nunca gostou nem se adaptou à bolinha nem à Regra 12 Toques.

Em 20 de Outubro de 2022, Cláudio veio a falecer de complicações cardíacas. Ainda no seu trabalho, passou mal e resolveu dirigir-se à Santa Casa para exames, negando caronas oferecidas para “não dar trabalho a ninguém”. Mal sabia ele que estava infartando… Acabou vindo a óbito enquanto estava sendo socorrido, deixando esposa e duas filhas, e muitas saudades entre os amigos e associados.

Cláudio deixa para sempre a imagem de companheiro de todas as horas. Uma pessoa amiga, divertida, irreverente, e sempre à disposição de quem precisar. Um grande marido e pai.

Uma grande pessoa!

Obrigado por ter nos brindado com sua companhia e amizade, Cláudio. Dentro e fora das mesas.

 

– publicado originalmente em 2003, revisado em 2014 e 2024