A AUFM tem duas histórias interessantes com goleiros nas competições temáticas. A primeira é a dos goleiros de caixa de fósforos, feitos para os anos 1995/2000, que você pode conferir abrindo o link.
A segunda é a Regra dos Goleiros Alternativos, que vigorou na AUFM de 2012 a 2015 em competições diversas, e até hoje é usada nas 2ª e 3ª Divisões do Campeonato Brasileiro, quando os botonistas participantes possuem mais de 2 clubes na competição.
O que é
A Regra dos Goleiros Alternativos prevê o uso de outros três tamanhos de goleiro nas competições temáticas da AUFM, além do goleiro oficial da Regra 12 Toques da Federação Paulista / Confederação Brasileira. O goleiro oficial é identificado como tamanho N[ormal].
O primeiro goleiro alternativo é o tamanho G[rande], na cor predominantemente preta, meio centímetro maior na altura e meio maior no comprimento, em relação ao goleiro oficial. Depois, temos o M[édio], amarelado, meio centímetro menor na altura e meio menor no comprimento, em relação ao goleiro oficial. E por último, o P[equeno], vermelhão, meio centímetro menor na altura e meio menor no comprimento, mas em relação ao goleiro M, e não o oficial (e minúsculo, portanto). Vide foto principal do artigo.
O objetivo da regra
As ideias por trás da regra “maluca” eram duas, mas que funcionavam juntas:
a) Permitir a simulação da diferença dos clubes grandes e pequenos, em partidas em casa e fora, de forma prática, nos torneios da série temática, que é lúdica e tenta reproduzir ao máximo o futebol de campo dentro do botão como esporte, de modo que os clubes “maiores” teriam a vantagem de enfrentar os “menores” com uma combinação de goleiros vantajosa;
b) Permitir que botonistas de qualidade técnica inferior possam, em determinados torneios, jogar como favoritos diante de botonistas melhores rankeados, comandando clubes “maiores” ou, naquele momento, de divisões mais altas, e com isso usando a vantagem das combinações favoráveis de goleiros, o que geraria uma chance real de vitória, menos provável com condições de igualdade.
Ou seja, com a regra, a AUFM almeja fazer com que, ao se enfrentar um Boca Juniors na Libertadores, o adversário veja mais dificuldade por si só por enfrentar os xeneizes (independente do botonista que os comandam), em relação a enfrentar um time da Venezuela, por exemplo.
E assim, quando um botonista que não está entre os melhores da associação, pega esse Boca para comandar na temporada, ele terá – mesmo enfrentando um adversário nas primeiras posições do ranking – chances reais de vitória, maiores do que se enfrentasse o adversário em condições de igualdade, com ambos com goleiros oficiais.
A funcionalidade da regra
Quando a regra foi adotada, sorteou-se entre os botonistas da AUFM, os que, na primeira competição, teriam a benesse de jogar com clubes “A” e “B”. Depois sorteou-se os que jogariam com clubes “”C” e “D” e, por último, “E” e “F”.
Ficou acertado que as categorias de clubes seriam alteradas, por meio de um rodízio, ao longo da temporada, considerando-se as seguintes competições: Libertadores, Sul-Americana, Champions League, Europa League e Mundial de Clubes, além do torneio de seleções no meio do ano.
Assim, por meio de um critério pré-estabelecido, resumidamente, o botonista que pegou um clube “A”, “B” ou “C”, na competição seguinte entraria em um sorteio sem clubes dessas categorias. Por outro lado, um botonista que originalmente pegou um clube “D”, “E” ou “F”, na competição seguinte disputaria o sorteio de clubes “A”, “B” e “C”, e assim por diante. Desta maneira, garantiria-se que nenhum botonista jogaria mais de dois torneios seguidos com um clube muito forte, ou muito fraco.
Havia ainda um mecanismo que permitia botonistas mais fracos disputarem mais vezes o sorteio dos clubes mais fortes, e quando eles pegavam clubes de categorias mais baixas, usava-se uma variante da regra que atenuava a vantagem adversária – tudo para evitar que um botonista menos qualificado, de posse de um clube mais fraco, se visse diante de uma tarefa impossível de vitória, e até sofresse goleadas em sequência. Além disso, quando um botonista mais fraco pegava um clube pequeno, ele acabava recebendo um segundo clube no mesmo torneio, para aumentar suas chances diante da maior adversidade.
O gabarito de uso dos goleiros
Uma vez definido o método de rodízio dos clubes grandes – e a consequente vantagem dos goleiros – foi estabelecido o gabarito de uso dos goleiros alternativos, considerando-se os clubes na partida.
O gabarito ao lado demonstra, como, por exemplo, quando um clube “A” enfrentava um “C” em casa, o “A” usava um goleiro N[ormal] enquanto o visitante usava um goleiro M[édio].
Entretanto, quando um “A” jogava em casa contra um “E”, a diferença era bem maior: goleiro G[grande] para o time da casa e P[equeno] para o time “E”.
E assim por diante, como se pode ver na planilha.
Importante mencionar que nos jogos de volta, nas mesmas condições, a diferença entre os goleiros é menor, já que agora o estádio joga a favor do time pequeno, dando uma atenuada na força do adversário, mesmo ele continuando favorito (com goleiro maior).
A recepção e como tudo seguiu depois
Quando a regra foi adotada, destinou-se aos botonistas mais fracos o sorteio dos clubes mais fortes, inicialmente. Isso ajudou a recepção positiva dos associados, que aprovaram a regra até então experimental.
A divulgação da regra em 2012 gerou questionamentos nas redes sociais da AUFM, fato noticiado pelo jornal Infortrex #37 (ao lado).
As primeiras competições tiveram várias vitórias até então “improváveis”, de botonistas nas posições mais baixas do ranking contra os líderes da tábua de colocações da categoria temática.
Nos anos seguintes, no entanto, até com o fato dos melhores botonistas terem “pego as manhas” e diminuído a desvantagem dos goleiros adversos, iniciou-se um descontentamento, pois os botonistas não tão bons começaram a pegar equipes menores com mais frequência, e aí – diante do desafio recorrente de enfrentar um adversário melhor e com goleiros maiores – as vitórias eram mais esparsas.
Em 2015, a Diretoria da entidade viu que já haviam mais associados contra a regra do que a favor, nas competições internacionais, de modo que a regra foi revogada para esses casos, e mantida apenas nas divisões inferiores do Brasileirão AUFM, e desde que os botonistas estejam comandando mais de um time, assim, por exemplo, todos os botonistas da Série B comandarão um clube “A” e um “B”, igualando as condições de disputa.
Outra aplicação da regra que perdura até os dias de hoje é a participação do clube campeão do Ubatubense de Clubes na Copa do Brasil AUFM, quando ele joga com os goleiros P fora de casa e M em casa, ou seja, é um completo azarão contra os maiores clubes do Brasil na competição, reproduzindo como seria o desafio de um time da nossa cidade na maior copa nacional.
Casos memoráveis que a regra gerou (times superando desvantagem de goleiro)
Enquanto vigorou nas competições internas, a Regra dos Goleiros Alternativos propiciou alguns momentos que ficaram para a posteridade nas competições internacionais, com times “menores” passando por “maiores” e superando a desvantagem (em algumas vezes bastante considerável) do adversário.
O primeiro grande momento que os goleiros alternativos propiciaram na AUFM foi quando o “Super Paulo” de Ralph Solera, categoria “D” no Mundial de Clubes AUFM 2012, conseguiu eliminar o favorito ao título, o Manchester United (“A”) de André Rafael, o “Schumacher das Mesas“, em um dos poucos torneios da categoria pastilha/vidrilhas que ele jogou. É o único caso em que um clube “D” eliminou um “A” comandado por um botonista de primeira linha na AUFM. Ao longo do torneio o Tricolor ainda venceu o Bayern de Gabriel Ballio (“B”) e o Ajax de Daniel Valle (“C”) e surpreendeu a todos conquistando o título.
Na Liga Europa AUFM 2012, o Schalke 04 (“B”) de Alexandre Augusto ignorou o favoritismo da Juventus (“A”) de Raoni Fernandes e classificou-se com duas goleadas, 4×1 e 3×0, na maior diferença de gols a favor de um time de categoria inferior até hoje em um mata-mata com a Regra dos Goleiros Alternativos na AUFM. Na semi do torneio, esse Schalke caiu frente ao Borussia Dortmund de Fabinho Mendes (“A”) no gol qualificado apenas, com cada equipe tendo vencido uma partida do revierderby, o único já ocorrido em torneios internacionais na associação.
Na Copa Sul-Americana AUFM de 2012, o pequeno Transvaal do Suriname de Ralph Solera (“D”) passou pelo gigante River Plate de José Marques (“A”), virando o confronto: na ida, 3×2 para os portenhos no Monumental de Nuñes e, na volta, o Transvaal venceu por 2×0, com o segundo gol no último lance. Em se considerando a analogia com o futebol, foi o caso da maior diferença de reputação entre os clubes envolvidos (um “timinho” do Suriname contra um dos maiores clubes do mundo), e portanto, a maior zebra internacional da AUFM até hoje.
Em 2013, aquele mesmo “Super Paulo” de Ralph Solera, agora de categoria “C”, repetiu a dose e faturou o bicampeonato mundial, passando, ao longo da competição, pela Inter de Milão de Paulinho Antunes (“B”) na fase de grupos, e o Chelsea de Gabriel Ballio (“A”) de virada na semi, já que os Blues venceram a ida por 2×1, mas na volta o Tricolor venceu por 3×1 e garantiu vaga na final, onde venceu novamente o Ajax (“B”) de Daniel Valle. Nesse mundial, o Auckland (“D”) de Fabrício Machado deixou para trás na fase de grupos o Lyon (“C”) de José Marques e o Nacional (“B”) de Patrick Fonseca.
A Liga Europa AUFM 2013 teve vários momentos memoráveis dessa regra. O Olympiacos “Lenda Grega” de Fabinho Mendes (“B”) passou pela Roma (“A”) de Mirelle Pastro, nas Oitavas-de-Final e depois, lá na decisão, bateu o Liverpool (“A”) de Flávio Bellard, iniciando uma fase que culminaria no título mundial no ano seguinte. Nessa mesma Liga Europa, o CSKA Moscow (“B”) de Daniel Toth eliminou na 1ª Fase o Bayern de Munique (“A”) de Beto Monteiro com duas vitórias.
Na Champions League AUFM de 2014, aquele mesmo Olympiacos “Lenda Grega” de Fabinho Mendes (“C”) foi campeão da competição passando pelo Benfica de Patrick Fonseca (“B”) e Manchester United (“A”) de Cristian Moura na fase de grupos, e depois pelo CSKA Moscow (“B”) de Fabrício Machado nas Quartas-de-Final. Nesse torneio ainda teve o duelo Shakhtar Donetsk (“D”) de Gabriel Ballio passando pela Juventus (“A”) de Nelson Paschoal nas Quartas, vencendo os dois jogos. E ainda no mesmo torneio, o Celtic (“C”) de Léo Castro bateu o Barcelona (“A”) de Sílvio Fonseca nas Quartas e o Paris St-Germain (“B”) de Augusto Ballio na semi. Na decisão, em jogo único, o Olympiacos jogou com goleiro M contra um goleiro normal do Celtic, e faturou o título (3×2).
Na Copa do Mundo AUFM de 2014, o México de Yuri Fonseca (“C”) passou pela Inglaterra de Augusto Ballio na semi, e pela fortíssima e favorita Alemanha de Léo Castro na final, ambas categoria “A”. Na decisão, a Alemanha esteve vencendo por 2×1, mas o México virou para 3×2 e garantiu o único mundial de seleções da AUFM não vencido por europeus ou sul-americanos (ao lado). O Brasil (“A”) de Paulinho Antunes, então vencedor – com ele – das duas Copas do Mundo AUFM anteriores, caiu ainda na 1ª Fase, sendo eliminado justamente para o México (“C”) de Yuri.
Na Copa Sul-Americana de 2014 o Paysandu de Patrick Fonseca (“C”) conseguiu eliminar o gigante Nacional de Montevidéu de Nelson Paschoal (“A”) na 1ª Fase da competição. Na ida, no Centenário, 2×2 heróico para o Papão. Na volta, no Mangueirão, o Paysandu bateu os uruguaios por 1×0 e é até hoje o único clube do Norte do país a não só se classificar para uma competição internacional na AUFM, como ainda por cima passar de fase no torneio.
Na Liga Europa de 2014, o Feyenoord (“C”) de Flávio Bellard passou pelo Chelsea (“A”) de Cristian Moura com duas vitórias nas Quartas-de-Final, mas o destaque do torneio foi o Monaco (“B”) de Fabinho Mendes, que eliminou o Borussia Dortmund (“A”) de Beto Monteiro na 1ª Fase e o Real Madrid (“A”) de Willian Germano na semi para depois faturar o título da competição.
Por fim, na Copa do Brasil AUFM de 2024, o SoleCorp, então atual campeão ubatubense e classe “E”, pegou o São Paulo (“B”) de Sílvio Fonseca na 1ª Fase, e eliminou o Tricolor (maior vencedor do torneio), com placares de 2×1 e 2×2, na única vez até hoje em que um time caiçara conseguiu passar de fase na segunda mais importante competição nacional da AUFM.